Nossa primeira tarefa é transformar a família em grandes parceiros na nossa jornada de reabilitar seus filhos. Nosso papel, neste momento é acolher esses pais, ouvir suas angústias e propor a eles que vamos juntos, acompanhando passo a passo a evolução da sua criança.
A família chega até nós sempre preocupada sem informações sobre os problemas da criança e as vezes com informações não muito fidedignas.
O desenvolvimento da criança se dá em etapas. Para que tudo isso ocorra, além de boas condições neuro motoras a criança precisa querer, estar motivada a fazer algo, brincar, se arriscar, repetir e repetir experiências para que o aprendizado aconteça.
Responder as perguntas iniciais dos pais nem sempre é possível. Nosso papel é convidar a família a uma jornada de descobertas e conhecimento que viveremos juntos na convivência com seus filhos.
Nenhuma criança evolui sem um ambiente propicio e afetivo. Quando os pais percebem que algo não vai bem, frequentemente eles deixam de ver seu filho (a) e enxergam apenas um problema e são tomados por sentimentos desencontrados que não ajudam no desenvolvimento da criança.
Desde o primeiro momento, juntos, profissional e família, devemos mostrar o que a criança consegue fazer, o que ela não consegue a família já sabe. As tarefas que a criança não consegue realizar, vamos mostrar como facilitar para que ela consiga e aprenda. Por exemplo, a criança não consegue rolar quando está em prono, barriga para baixo, para supino, barriga para cima, se dermos uma pequena ajuda para que tire o bracinho de baixo do corpo, estendendo-o ao lado da orelha, a criança consegue rolar.
Essas pequenas orientações, de como facilitar o movimento, são importantes para que a família curta manusear e brincar com a criança.
As primeiras orientações que damos parecem simples, mas são necessárias, conversar muito com a criança, olho no olho, relatar tudo o que está fazendo perto da criança, “agora a mamãe está fazendo sua comida” “o papai está trabalhando no computador” etc… Orientar como segurá-la, como acalentá-la, como levá-la passear. Qual a melhor posição para alimentá-la, para deitá-la, para mudar de posição, como pegá-la do berço. Ensinamos como fazer esses manuseios e a velocidade com que fazemos as trocas posturais e quais as melhores posturas para a criança.
Mostrar quais sãos as melhores brincadeiras para serem feitas, os melhores brinquedos para estimulá-la. Brincar corretamente é proporcionar desenvolvimento e fortalecer vínculo. Brincar com a criança, o como brincar são as melhores orientações que podemos dar para a família.
Nas brincadeiras mostrar a resposta da criança, nem que seja uma pequena resposta, mas mostrar que ela está interagindo e feliz.
Brincar com seu filho é interagir com ele, é criar um vínculo de amor e confiança.
Como posicionar melhor a criança para que não haja vícios posturais e se instale deformidades, também é nosso objetivo terapêutico. Essas orientações são fundamentais para a família. A troca de posturas durante o dia, não permanecer muito tempo numa mesma posição, qual o melhor posicionamento para brincar, faz parte de nossas trocas com a família.
Falamos troca porque essas orientações fazem parte do dia a dia da criança em casa, que está envolvido numa dinâmica familiar, precisamos entender essa dinâmica para que junto com a família possamos estruturar essas ações de acordo com as possibilidades diárias. Muitas vezes as visitas domiciliares são necessárias para melhor adequação a essas orientações.
Ensinamos os pais a gostarem de cada pequeno progresso, fortalecendo cada vez mais o elo entre pais e filhos, que ao nosso ver é a maneira ideal para que o desenvolvimento aconteça.
Confiança, outro ponto importante! O desenvolvimento acontece na exploração do ambiente, nas tentativas e erros, no arriscar-se e na vitória de conseguir. A confiança é o mais importante para que isso ocorra.
Confiança no ambiente, nas pessoas que lidam com ela para adquirir confiança nela mesmo e dessa forma fortalecer sua personalidade em se permitir explorar, conhecer e se sentir capaz.
Existe uma tendência na superproteção por parte dos pais. “tadinho, ele não consegue, ele tem problema, ele é incapaz,” Entendemos esse lado paternal que não quer que nada de mal venha a acontecer com seu filho, mas esse tipo de proteção não ajuda, prejudica. Cada vez mais a criança se torna dependente, mesmo nas coisas que poderia resolver sozinha, não faz, começam os comportamentos inadequados que com o tempo nem os pais vão aguentar, birras, choros constantes, falta de sociabilização.
Temos que estar atentos em dar as orientações e cobrar se elas foram feitas. Muitos pais acabam se tornando terapeutas de seus filhos e isso não é bom. Pais são pais, terapeutas somos nós, com o papel de tratar e orientar. Os pais têm que ser orientados a entender as respostas de seus filhos, através de movimentos, sons, choro, sorriso ou fala.
O nosso papel com as crianças maiores é o mesmo, fortalecer o vínculo família/filho(a), mostrar à própria criança suas possibilidades e como viver com suas dificuldades da melhor maneira possível.