“Eu sou o carrinho de bebê” – A história de uma mãe cadeirante

Cuidar de um bebê é ao mesmo tempo uma realização e um desafio para qualquer mulher. Desde as mudanças no corpo durante a gravidez, as dores do parto e da recuperação, seguidas de noites maldormidas nos primeiros meses e a enorme energia dispensada acompanhando o ritmo do bebê quando começa dar seus primeiros passinhos… tudo é envolvido em altas emoções!
Para algumas mães especiais, porém, os desafios podem ser ainda maiores. Como cuidar de um filho quando se está em uma cadeira de rodas? Como acompanhar seu ritmo quando ele já consegue engatinhar ou andar, quando a própria mãe não pode fazer isso? 
Nestes casos, a alegria de superar esses desafios torna o sonho de ser mãe uma realização ainda maior. Esse é o caso de Laura Miller, uma mãe cadeirante que usa de muita criatividade para cuidar de seu bebê. 

Laura vive em Glasgow, na Escócia, com o marido e o filho, Jonathan, de um ano e meio. Ela sofre de fibromialgia e encefalomielite miálgica, que a incapacitam de andar, e por isso precisou buscar muito apoio e boas ideias para exercer a maternidade.

Ela faz a maioria das coisas sentada, mas também consegue se mover da cadeira para o chão e se deslocar sobre as mãos ou de joelhos para cuidar do filho quando necessário. Como não pode ficar em pé para andar com o filho no colo, ela encontra soluções bem criativas para levar Jonathan aonde ela quer. Na hora de dormir, por exemplo, Laura desliga todas as luzes da casa e deixa apenas o quarto da criança iluminado, atraindo assim seu filho até o berço. Ela também rasteja ao redor da casa com ele e usa um brinquedo com som para chamar sua atenção, fazendo com que ele a acompanhe.
Assim o deslocamento pela casa vira uma atividade divertida para os dois. Já para sair de casa, Jonathan pega carona com a mãe na cadeira de rodas. Laura chama o filho, o pega no colo e usa um carregador de bebês amarrado ao corpo, para que Jonathan fique confortável e seguro enquanto estão fora de casa.

“Foi como se estivesse no céu a experiência única de ter meu filho face a face comigo, enquanto carregava ele de maneira independente junto a mim. Não lembro de nenhuma outra experiência que tenha me trazido tanto prazer. Nosso pequeno rapaz é um camarada simpático que gosta de conhecer novas pessoas, então ele também gosta de sair de casa para passear, e atrai muita atenção!” conta Laura.

Ela conta que os desafios já começaram na gestação, com a falta de acessibilidade para chegar a todos os lugares durante as consultas do pré-natal. Também enfrentou problemas para receber um tratamento adequado à sua condição durante e após o parto, junto ao serviço de saúde. 
Mas após uma longa preparação e adaptações na casa antes do nascimento, Laura passou a desfrutar de momentos indescritíveis de alegria e realização com seu filho. 

Ela conta que desenvolveu uma grande capacidade de improvisar para resolver dificuldades e problemas, que acredita ser uma habilidade única de pais com deficiência. Além disso, as crianças entram em sintonia com sua condição, explica. “Jonathan corre até o pai para ganhar colo, mas não faz isso comigo.”
Precisamos do apoio e encorajamento de outros pais, porque, obviamente, às vezes isso é muito desgastante. Precisamos de pessoas que nos estimulem e deem ideias.” Ela encontrou boa parte desse apoio, estratégias e exemplos  em uma Rede de Pais com Deficiência (DPN, na sigla em inglês). para poder exercer o que chama de “maternidade alternativa”.
“Minha esperança é que, com o tempo, mães e pais com deficiência sejam mais respeitados por suas competências e forças. Precisamos ser reconhecidos pelo trabalho duro que fazemos em família para agirmos como uma equipe. Ao mesmo tempo, precisamos ter nossas vulnerabilidades e necessidades reconhecidas e protegidas”, finaliza Laura, que realizou com muito amor e coragem seu grande sonho de ser mãe.

Referências: 

I am the pram – A new Mum’s story – Disabled Parents Network
Mãe cadeirante conta como cuida de bebê – 13/03/2013, site Uol

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