Sue Austin é uma artista multimídia que realiza diversas performances e instalações. Mas uma doença prolongada passou a dificultar sua locomoção, e mudou a forma como ela poderia acessar o mundo. “Eu vi minha vida passando e se tornando restrita”, lembra ela. “Quando eu comecei a usar a cadeira de rodas há 16 anos, foi uma liberdade tremenda… Eu podia deslizar e sentir o vento no meu rosto novamente. Apenas estar na rua era emocionante”.
Ela afirma que sua experiência em uma cadeira de rodas influenciou sua arte e sua perspectiva sobre o mundo. No entanto, ela percebeu que as pessoas começaram a tratá-la de forma muito diferente.
“Era como se elas não pudessem me ver mais, como se uma capa de invisibilidade tivesse caído sobre mim. As pessoas pareciam me ver em termos de suas suposições sobre como deve ser estar em uma cadeira de rodas. Quando eu perguntei com o que elas associavam a cadeira de rodas, elas usaram palavras como ‘limitação’, ‘medo’, ‘pena’ e ‘restrição’. Eu sabia que eu precisava escrever minha própria história sobre esta experiência”.
Em 2009, ela fez uma série de pinturas chamada “Traços de uma cadeira de rodas”, em que usou tinta nas rodas de sua cadeira para criar circuitos graciosos em enormes folhas de papel e no gramado em frente à galeria onde foi feita a exposição.
“A cadeira de rodas se tornou um objeto para pintar e brincar. Foi emocionante ver a reação interessada e surpresa das pessoas. Parece que novas perspectivas se abriram”, afirma ela.
Sue Austin ajudou a fundar a Freewheeling, uma iniciativa para expandir os limites das deficiências nas Artes. Em seus trabalhos, ela mostra como a diferença entre a forma como ela vê a si mesma e como os outros a vêem inspira a sua arte, que desafia a noção tradicional de deficiência. E compartilha a alegria que sente em experimentar o mundo a partir de sua cadeira.
Mas suas experimentações não terminaram aí. Em 2005, Sue fez seu primeiro mergulho de profundidade, e sentiu uma liberdade de movimentos inimaginável. Resolveu então fazer o mesmo mergulho também na cadeira de rodas. Ela pediu ajuda a engenheiros e acadêmicos para equipar a cadeira com dois propulsores acoplados no banco e duas ‘nadadeiras’ de acrílico para conseguir manobrar.
A princípio ela recebeu muitas objeções, mas não desistiu. O trabalhou exigiu treinamento físico intenso – e uma equipe técnica criativa. O resultado foram lindos movimentos na água que mais parecem voos e acrobacias silenciosas, conforme você pode conferir no vídeo no início deste post.
O projeto está ganhando notoriedade, incentivando e possibilitando outras pessoas com deficiência a vivenciarem novas e libertadoras experiências por meio das artes e por meio da mágica do mergulho.