Foto: TV Globo/Reprodução) |
Uma liminar da Justiça de Passo Fundo (RS) determinou a proibição da comercialização de andadores infantis em todo o país. Na decisão, a juíza Lizandra Cericato Villarroel destaca que nenhuma das marcas comercializadas estão dentro das normas do Inmetro e que “a natureza do produto se destina a bebês e crianças na fase de aprendizagem do ato de caminhar, portanto, em situação biológica de vulnerabilidade potencializada”.
Cabe recurso à medida, que foi tomada em ação civil pública elaborada pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria). A entidade alega que o equipamento coloca crianças em risco de acidentes graves, inclusive com morte.
Médicos afirmam que o andador dá uma mobilidade inadequada para a etapa de vida dos bebês. Com o uso, eles poderiam se aproximar de fogões, piscinas, escadas e produtos tóxicos.
Em julho deste ano, o Inmetro realizou testes com todas as marcas de andadores produzidas no Brasil e reprovou todas elas.
“Não existe nenhum argumento razoável para o uso do andador. A nossa avaliação é que esse produto é assassino e deixa sequelas para a vida toda”, afirma o pediatra Rui Locatelli Wolf, da SBP, um dos que ajudou a elaborar a peça judicial.
No início do ano, A SBP já havia iniciado uma campanha no início do ano para o uso do andador de bebês, com o objetivo de aumentar a proteção de crianças contra acidentes que podem ser ocasionados pelo uso do equipamento.
De acordo com a Sociedade, no ano passado, 850 crianças de 7 a 15 meses receberam atendimento médico emergencial por acidentes em andadores, sendo 60% delas com lesão na cabeça.
Neste ano, pelo menos três relatos de morte em decorrência do uso do andador por bebês chegaram até a entidade.
Algumas mães avaliam que o equipamento ajuda a desenvolver a marcha. A Abrapur (Associação Brasileira de Produtos Infantis), também é contrária à proibição da fabricação dos andores, mas defende a criação de regras rígidas de qualidade para o produto.
Fonte: Site G1 e Folha de São Paulo
O mito dos andadores
O andador consiste numa base com rodas que suporta uma armação rígida que apóia um assento com aberturas para as pernas e geralmente possui uma bandeja plástica.
Os pais acreditam que, ao usar o andador, a criança estará segura e alegam várias razões para seu uso, como: manter a criança quieta e feliz, encorajar mobilidade, estimular a marcha, fazer exercícios e contê-la enquanto está se alimentando.
Andadores são perigosos! Mesmo com supervisão, a maioria dos acidentes acontece enquanto um adulto está cuidando da criança.
O exemplo do Canadá deveria ser seguido, onde a venda está proibida desde abril de 2004.
A maioria dos modelos disponíveis no mercado possui rodas pequenas, bordas cortantes ou arestas afiadas.
O que pode acontecer de errado do ponto de vista físico:
A criança pode virar o andador para trás, quando apóia os pés no chão e impulsiona o corpo para trás, e bater a cabeça no chão ou na parede;
A criança pode apoiar os pés no chão de maneira inadequada, dobrando o dorso dos pés para trás, correndo o risco de provocar lesões nos dedos dos pés e na região do tornozelo.
Acidentes que podem acontecer com a criança no andador:
fraturas e traumatismos cranianos, ao rolar uma escada para baixo;
queimaduras e ferimentos cortantes, por conseguir alcançar alturas mais elevadas, pegar um copo, um talher em cima da mesa ou panelas no fogão;
afogamento, ao cair numa piscina, banheira ou balde;
envenenamentos, devido ao acesso aumentado a produtos químicos e de uso domiciliar.
A maioria dos acidentes mais graves decorre de quedas em escadas, degraus e desníveis de piso.
RECOMENDAÇÕES:
A aquisição de andadores não é recomendada, por representar risco de lesões graves em crianças pequenas e por não haver benefício algum em seu uso;
Modificações na estrutura dos andadores para prevenir quedas de escadas (mais largos do que a passagem das portas ou mecanismo de freio para parar quando uma ou mais rodas inclinam-se para baixo) tornam seu custo mais alto e não são eficientes em prevenir os acidentes;
Mecanismos de proteção de escadas, como portões em cima e em baixo não costumam prevenir as quedas;
Creches, escolinhas e hospitais não devem permitir o uso de andadores;
Centros de atividades infantis disponíveis no mercado, onde a criança pode saltar, girar e virar, eliminam o risco de quedas de escada e são mais seguros que os andadores;
Todos aqueles que possuem andadores deveriam ser encorajadas a levá-los a locais onde seriam destruídos e seus materiais reciclados.
“MANTENHA SEU FILHO SEGURO… JOGUE FORA O ANDADOR”
Relatora: Dra. Renata Dejtiar Waksman
Vice-presidente do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da SPSP – gestão 2007-2009; Coordenadora do Núcleo de Estudos da Violência contra a Criança e o Adolescente da SPSP; Pediatra do Departamento Materno-Infantil do Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP.
Texto original divulgado em 2005.
Texto atualizado em 16/08/2007.