PARALISIA CEREBRAL

Muitos pais ficam chocados quando ouvem do médico que seu filho tem Paralisia Cerebral. Este termo é realmente assustador se pararmos para pensar ao pé da letra, pois ao ouvir paralisia logo vem a cabeça algo que parou de funcionar e logo o cérebro que é um órgão tão importante. O que ocorrerá se ele realmente paralisar? Calma lá, o termo Paralisia Cerebral está meio que ultrapassado apesar de ainda ser muito utilizado.

Paralisia cerebral ou encefalopatia crônica não progressiva é uma lesão de uma ou mais partes do cérebro, provocada muitas vezes pela falta de oxigenação das células cerebrais.

Acontece durante a gestação, no momento do parto ou após o nascimento, ainda no processo de amadurecimento do cérebro da criança. É importante saber que o portador possui inteligência normal (a não ser que a lesão tenha afetado áreas do cérebro responsáveis pelo pensamento e pela memória).

Mas se a visão ou a audição forem prejudicadas, a pessoa poderá ter dificuldades para entender as informações como são transmitidas; se os músculos da fala forem atingidos, haverá dificuldade para comunicar seus pensamentos ou necessidades. Quando tais fatos são observados, o portador de paralisia cerebral pode ser erroneamente classificado como deficiente mental ou não-inteligente.

Segundo Schwartzman (1993) e Souza & Ferraretto (1998)1, a PC pode ser classificada por: Tipo de disfunção motora extrapiramidal ou discinético (Atetóide, coréico e distônico), atáxico, misto e espástico; ou pela topografia das lesões (Localização no corpo), que inclui tetraplegia, monoplegia, diplegia e hemiplegia. Na “PC”, a forma espástica é a mais encontrada e freqüente em 88% dos casos.3, 4

Aqui cabe um parentese: O que é o tônus muscular? Em palavras simples é o grau de tensão que o músculo apresenta, por exemplo se a criança tem um tônus mais alto, hipertônico, ela é uma criança mais “rígida”, “durinha”, que não consegue relaxar simultaneamente o músculo contrario ao movimento e contrair o músculo que realiza o movimento; já uma criança que tem um tônus mais baixo, hipotônico, é aquela criança “molinha” que muitas vezes demora para realizar o movimento por não ter um grau de tensão necessário para a contração.

Quanto a disfunção motora:


• Atetoide  Caracterizada por movimentos involuntários, Neste tipo, os movimentos são involuntários devido a um estimulo ineficaz e exagerado que o cérebro envia ao músculo não sendo capaz de manter um padrão. É aquela criança que tem movimentos exagerados e bruscos. Normalmente os atetoides são crianças bastante inteligentes que com o crescimento buscam maneiras de controlar sua movimentação exagerada e descoordenada.

• Coreico: Acomete crianças e jovens do sexo feminino com movimentos involuntários e descoordenados dos membros e dos músculos da face (Dança de S. Guido).

• Distônico: Incoordenação do tônus muscular. É aquela criança que tem dificuldade em manter um tônus mais próximo do normal, ela vai as vezes de um tônus muito alto para um tônus muito baixo.

• Atáxico: Dificuldade de coordenação motora (Tremores ao realizar um movimento).


• Mistos: Quando apresentam pelo menos dois tipos associados de alteração do movimento (Exemplo: espástico e atetóide)

• Espástico: Ocorre uma lesão do córtex cerebral, diminuindo a força muscular e aumentando o tônus muscular. A tensão muscular encontra-se aumentada notada ao realizar algum alongamento da musculatura ou mesmo um estiramento. São aquelas crianças mais “tensas”, “rígidas”, que não conseguem relaxar o músculo contrario ao músculo que realiza o movimento. Um músculo com um tônus aumentado não será necessariamente um músculo forte.

Quanto a topografia da lesão

• Tetraplegia (Hemiplegia bilateral ou quadriplegia): Ocorrendo em 9 a 43% dos casos, com lesões difusas bilateral no sistema piramidal apresentando tetraparesia espástica com retrações em semiflexão severas, síndrome pseudobulbar (hipomimia, disfagia e disartria), e até microcefalia, deficiência mental e epilepsia. São aquelas crianças que tem um comprometimento global, tanto os membros inferiores, como os membro superiores são comprometidos.

• Diplegia: Surge em 10 a 30 % dos pacientes, sendo mais comum em prematuros, comprometendo os membros inferiores, podendo apresentar hipertonia dos músculos Adutores, denominado síndrome de Little (Cruzamento dos membros inferiores e marcha “em tesoura”). Existem vários graus para classificar a intensidade do distúrbio, podendo ser pouco afetado (Com um prognóstico bom, sendo capaz de se adaptar à vida diária) ou graves com limitações funcionais. Ao 1º ano de vida, a criança pode se apresentar hipotônica, passando para distonia intermitente, com tendência ao opistótono quando estimulada. Nos casos mais graves a criança pode permanecer num destes estágios por toda a sua vida, porém geralmente passa a exibir hipertonia espástica, inicialmente extensora e, finalmente, com graves retrações semiflexoras. São aquelas crianças em que normalmente os membros inferiores são mais comprometidos que os membros superiores.

• Hemiplegia: É a mais comum de todas, comprometendo mais o membro superior; acompanhada de espasticidade, hiper-reflexia e sinal de Babinski. O padrão hemiplégico caracteriza-se pela postura semiflexora do membro superior, com o membro inferior hiperestendido e aduzido, e o pé em postura equinovara, podendo aparecer ser encontrado hipotrofia dos segmentos acometidos, hemi-hipoestesia ou hemianopsia. São aquelas crianças que tem um comprometimento em um dos lados do corpo, o membro inferior e o membro superior do mesmo lado são afetados.

(texto em azul foi extraido da Wikipédia, a enciclopédia livre.)

De acordo com minha experiencia observei que cada caso é um caso, duas crianças com lesões muito parecidas podem responder de maneiras muito diferentes e isto tem muito haver com os estímulos externos que esta criança recebe e que irão fazer com que ela se mobilize internamente para alcançar seus objetivos e vencer suas dificuldades. Quando digo estímulos que recebe é muito importante enfatizar a qualidade dos estímulos em relação a quantidade de estímulos. A criança aprende a interagir muito mais quando o que ela está recebendo é do seu interesse e faz parte do seu dia a dia.
Muitos casos apresentam uma evolução surpreendente que não esperavamos se levassemos em conta apenas seus exames clínicos.

É preciso ter paciência e seguir um dia após o outro, valorizando e descobrindo as formas de interação desta criança. Muitas vezes o que para nós pode parecer insignificante para ela é o inicio da busca de se fazer mais presente e inserida no seu meio.

Portanto pais, quando vocês ouvirem que seu filho tem Paralisia Cerebral, não se desesperem e saibam que seu filho terá muito o que oferecer para vocês, basta vocês estarem abertos para receber o que eles tem de melhor, tenham paciência para compreendê-los e tenham o tempo de espera para que ele demonstre sua ação e interação. Com estas dicas acredito que o “fardo” carregado será bem mais leve e vocês poderão ser mais felizes.

Valéria L. A. Guerrero

Fisioterapeuta – CREFITO 9099/F

Grhau

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